A obra surge num momento em que a interseção entre crime e tecnologia suscita debates cada vez mais intensos e fundamentais, embora frequentemente dispersos no âmbito académico.
A coordenadora do projeto de investigação, Rafaela Granjae também desta publicação,destaca que:
“As preocupações contemporâneas com o crime têm impulsionado um investimento crescente em tecnologias que atravessam diferentes áreas do sistema de justiça — da investigação criminal aos tribunais, passando pelas medidas privativas de liberdade. Este livro convida à reflexão crítica sobre os futuros (im)prováveis que emergem do entrelaçamento cada vez mais estreito entre crime e tecnologia.
Se, por um lado, a gestão do risco legitima a promessa de soluções tecnológicas para o controlo do crime, os capítulos aqui reunidos mostram que estas tecnologias não são neutras: são moldadas por redes sociotécnicas onde circulam valores, interesses e disputas — simbólicas e estruturais — que influenciam o que consideramos possível, legítimo e eticamente aceitável no campo da justiça criminal.
Mais do que uma análise das tecnologias em si, esta obra propõe um olhar crítico sobre os modos como elas são pensadas, implementadas e experienciadas. Ao fazê-lo, desafia-nos a imaginar futuros que não sejam meras repetições dos problemas do presente, nem aceitem sem questionamento a ideia de que inovação tecnológica é, por si só, sinónimo de progresso social.
Este livro é, assim, um convite à reflexão ancorada na equidade, na justiça social e no respeito pelos direitos fundamentais. Destina-se a investigadores, estudantes e profissionais das ciências sociais, das ciências criminais e da justiça — e a todas as pessoas interessadas em compreender criticamente o papel das tecnologias no sistema de justiça criminal”.
